domingo, 20 de fevereiro de 2011

Transfigurados com Cristo

Postado por: homilia

fevereiro 19th, 2011 Encontramos uma perfeita complementaridade na diversa narração pelos evangelistas da cena misteriosa da Transfiguração. Assim sendo, para Mateus Jesus revela-se como o novo Moisés. Para Lucas, a cena prepara a da Paixão. Em Marcos, a Transfiguração anuncia a Ressurreição.
A descrição da Transfiguração é como que a antecipação da Ressurreição. Aliás, em Jesus tudo encaminha para esse termo. E com Jesus o homem, uma vez vencida a morte, se encontre, transfigurado, na glória de Deus. E para que a mensagem do Mestre não ficasse no vazio, diante dos três prediletos discípulos Pedro, Tiago e João – que seriam também as testemunhas do Getsêmani, – Jesus se transfigura como os corpos gloriosos depois da ressurreição. Fazendo-lhes ver aquilo que todos seremos um dia. Quando tudo se consumar em todos.
O alto monte recorda o monte Sinai; a voz do Pai proclama que Jesus é o Filho predileto e por isso, a presença de Moisés e Elias recordando e ao mesmo tempo representando o Antigo Testamento: toda lei e todos os profetas. Os três pilares da Igreja testemunham que a antiga aliança cede lugar à nova. O Filho amado perpetuará a glória momentânea através do sacrifício. E todas as referências ao Servo de Javé de Isaías 42,1 e do Salmo 2,7 plenificam-se em Jesus.
No momento da Transfiguração, o testemunho prestado ao Filho foi selado pela primeira vez pela voz do Pai e por Moisés e Elias, que aparecem junto de Jesus como seus servos. Os profetas olham para os apóstolos Pedro, Tiago e João; os apóstolos contemplam os profetas. Num só lugar, encontram-se os príncipes da antiga aliança e os da nova. O santo Moisés viu Pedro, o santificado, o pastor escolhido pelo Pai viu o pastor escolhido pelo Filho. O primeiro tinha outrora aberto o mar para que o povo de Deus pudesse passar no meio das vagas, o segundo propôs erguer uma tenda para abrigar a Igreja. O homem virgem do Antigo Testamento viu o homem virgem do Novo: Elias pôde ver João. Aquele que foi arrebatado num carro de fogo viu aquele que repousou sobre o peito do Fogo (Jo 13,23). E a montanha tornou-se então o símbolo da Igreja: no seu cume, Jesus unifica os dois Testamentos que esta Igreja acolhe. Deu a conhecer que é o Senhor de um como do outro, do Antigo que recebeu os seus mistérios, do Novo que revelou a glória das suas ações. Todos devem escutá-lo, seguir o seu caminho. Pois ele é o Caminho, a Verdade e a Vida. E que caminho seguir é o de tomar todos os dias a cruz e seguir pelo caminho do sacrifício pessoal já percorrido pelos precursores Elias e João Batista, se quiserem encontrar-se com ele na glória eterna dos filhos de Deus.
A Transfiguração é uma exortação viva para que escutemos Jesus quando fala dos seus sofrimentos e da sua morte, sem deixar de reconhecê-lo como Messias definitivo, como servo fiel de Deus. A Transfiguração revela a dimensão gloriosa da humanidade de Jesus, participante da vida divina, na qual é abrangida toda a fragilidade da humanidade. A minha e a tua. Por isso, saiba que o sofrimento e a morte são passageiros. Mas a vida que nos vem de Cristo dura para sempre. Suba com Jesus para o monte e deixa-te transfigurar com Cristo para que como Pedro, Tiago e João viram a glória de Jesus também tu a possas contemplar.
Pai, faze-me contemplar o brilho de tua glória em cada discípulo de teu Filho que se entrega ao serviço do Reino, com total generosidade, mesmo devendo enfrentar a morte.
Padre Bantu Mendonça

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