sábado, 19 de fevereiro de 2011

“NÃO TENHAM MEDO”
Quem tem medo foge, esconde-se… Esconder-se de Deus, fugir dele é o jogo do
homem que não sabe caminhar de cabeça erguida e não sabe Deus como Pai
Amoroso.
Entretanto, Deus repete continuamente ao homem: ”não tenhas medo”! Silencia
Todo o teu ser e ouve o senhor que se dirige ao homem, ouve-o dirigindo-se a ti.
Vai tu também ao encontro do senhor. Ele te espera no deserto. Em lugares de
Difícil acesso. Deus se deixa encontrar pelos corajosos, os fortes, os violentos. O
senhor disse a Gedeão: Quem for medroso ou tímido volte para trás” (Jz 7,3).Toma
O caminho solitário rumo á montanha de Deus; não levas nada, só o Indispensável.
O caminho do deserto é um caminho de nudez e despojamento. É significativo o
texto de Saint-Exupéry em seu livro terra dos homens.
Depois de duas horas de manobra, desci e capotei quando saltava do avião, a tempestade me lançou no solo. Firmei-me novamente nos pés e ela me virou outra vez tive de me meter sob a carlinga e cavar um abrigo na neve. Naquele buraco cerquei-me de sacos postais e, durante quarenta e oito horas, esperei. Depois disso, quando a tempestade amainou, comecei a andar. Andei cinco dias e quatro noites.
…Na neve, a gente perde todo instinto de conservação. Depois de dois, três, quatro
dias de marcha, tudo o que se deseja é o sono. Eu o desejava… e andava.
Nos últimos dias comecei a perder a memória. Muito tempo depois de recomeçar a
marcha é que me lembrava: havia esquecido alguma coisa!… Da primeira vez, foi uma luva isso era grave com o frio que gelava as mãos. Eu havia deixado no chão deserto ao meu lado e seguira sem apanhá-la. Depois, foi o relógio. Depois, o canivete… depois a bússola… em cada parada eu me empobrecia!
O que salva é dar um passo… mais um passo…sempre mais um passo: o mesmo que
recomeça.


Na tua pobreza e no teu projetar-te para Deus, ele te estende os braços. Procura
reconhecê-lo na majestade silenciosa da noite, no frio dolorido do inverno, na vastidão
infinita da areia que te fere os pés… ouve o hino do silêncio e da solidão para depois te
tornares sensível ao grito dos irmãos. Onde nada se ouve de comum, de rotineiro, Deus
te fala. Onde não chega a voz da violência, do ódio, do mal, ele quer manifestar-se…não
tenhas medo de abrir-te ao ministério de Deus, de entregar-te sem cálculos, sem previsões.
O medo afugenta o perfeito amor. Como podes amar alguém quem temes? “No amor
Não há medo; mas o amor perfeito lança fora do temor e aquele que tem medo não é
perfeito no amor” (1Jo 4,18).
No silêncio, relê o Cântico dos Cânticos, história corajosa de que, sem medo, busca
o amado pede ao senhor que te liberte do medo, sobretudo do medo do que os outros
possam falar ou pensar de ti. Procura sentir o que o senhor quer de ti e caminhar com
segurança ao alcance do teu ideal, sem, perder tempo a olhar o que acontece ao teu redor.
Assume profeticamente o caminho do amor radical, inseparável da cruz; lembra-te, porém,
que toda morte prepara a ressurreição. “Não tenhas medo, eu venci o mundo.”
“Importa muito e, sobretudo, uma
grande e firme determinação de
não pararmos… venha o que trabalhasse o que se trabalhar
murmure-se o que murmurar,
mesmo que não chegamos lá, mesmo
que morramos no caminho… mesmo
que se afunde o mundo” (Sta. Teresa de Ávila)
Patricio Sciardini O.C.D
Augúrios de Boas Festas de Ano Novo.
Ir. Maria Eunice.

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